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Qual o momento ótimo para substituição de um ativo de Mineração?

  • Foto do escritor: Luciano Lima
    Luciano Lima
  • 6 de mar. de 2024
  • 5 min de leitura

Depois de um longo período volto a redigir um artigo sobre a gestão de ativos de mineração.


Como tenho participado de forma mais intensa na elaboração de cenários de aquisição, substituição e até mesmo extensão de vida útil de equipamentos móveis de mineração, gostaria de promover uma breve discussão sobre o tema.


Os desafios inerentes ao processo de substituição, ampliação, padronização e descomissionamento de equipamentos de mineração são enormes, começando pelos valores envolvidos nessas decisões.


Como já havia pontuado em outro artigo sobre gestão de ativos, a análise precisa levar em consideração toda a vida útil do equipamento, inclusive o método de descarte / descomissionamento.


Para frotas de equipamentos móveis, embora os valores envolvidos sejam significantes, a substituição pode ser menos complicada do que os ativos de beneficiamento. Estes, além de serem igualmente intensos em capital, ainda tem o componente de integrarem um processo complexo de instalação industrial.


Outro fator que vem dificultando / acelerando as decisões se refere ao mercado global de mineração. É muito comum nos depararmos com operações que tinham sua vida útil estimada em dez anos e que estão operando há mais de trinta anos e com projetos de expansão.


Cerca de duas décadas atrás era praticamente inviável desenvolver projetos minerais com teores baixos. Projetos que apresentassem teores abaixo de 1,5 g/ton de ouro ou cobre, assim como minério de ferro abaixo de 30 % de ferro eram engavetados no estudo de pré-viabilidade.


Hoje, o valor do ouro acima de US$ 2 mil a onça, o cobre acima de US$ 8 mil a tonelada e o minério de ferro acima de US$ 110 / ton (mesmo com os altos e baixos), permite que as principais mineradoras desenvolvam projetos "greenfield" e "brownfield" para expansão de suas produções.



Nesse momento, as principais mineradoras buscam soluções que visem aumentar sua produtividade, ou também sua eficiência, seja pela aplicação de novas tecnologias, novos equipamentos, novos processos ou melhor uso de seus ativos.


Felizmente na última década a tecnologia tem sido aprimorada em diversos níveis. Novos processos de cominuição e beneficiamento tem promovido um melhor aproveitamento / recuperação das usinas de mineração.


Da mesma forma, os equipamentos móveis vem apresentado cada dia mais novidades tecnológicas como operações autônomas e tele-remotas, possibilitando que as mineradoras obtenham aumento de eficiência da ordem de dois dígitos percentuais.




Mas como identificar quando um ativo está obsoleto e precisa ser substituído ou literalmente aposentado?


A primeira imagem que vem na nossa mente é uma curva de custos. Onde o ativo deixou de apresentar o custo ótimo de produção. Entretanto, conforme apresentado em outro artigo, questões como: exposição ao risco, compliance, imagem e eficiência precisam ser igualmente analisadas.


Para o caso de equipamentos móveis de mineração, um componente de grande importância se refere a estratégia de manutenção. Exemplos recentes, assim como outros de duas décadas atrás, mostram que a mudança de estratégia pode ter um impacto significativo na decisão de substituição versus extensão de vida útil.



Para ilustrar esse fato, vou compartilhar um exemplo de uma mudança de estratégia de gestão de ativo e seus impactos.


Uma grande mineradora havia definido que a vida útil de seus caminhões fora de estrada seria de cerca de 50 mil horas de operação, baseado em suas experiências anteriores e curva ótima de custo.


Como parte da estratégia, próximo a atingir a vida útil definida, a equipe de manutenção não realizava ou sequer orçava grandes reparos / reformas de componentes.


Entretanto, a abertura de uma nova mina fez com os executivos desta empresa decidissem efetuar uma reforma geral nos ativos, usar os equipamentos nesta nova unidade e assim reduzir expressivamente o valor de investimento (conhecido como Capex).


Como o investimento inicial em um projeto minerário é um grande desafio, esta parecia uma estratégia vencedora, principalmente porque o cenário de mercado era bem diferente do atual.


No momento de executar as reformas a mineradora se deparou com uma grande surpresa. Como a estratégia anterior era de desmobilização dos equipamentos com 50 mil horas (e estavam todos próximos a esta vida útil), a reforma deveria ser completa para que o equipamento voltasse a apresentar uma confiabilidade mínima.


O resultado final dessa mudança de estratégia foi que os valores de reforma ficaram superiores a aquisição de novos ativos, inviabilizando o projeto.


O intuito aqui não é sinalizar que esta ou aquela decisão foi equivocada, mas informar que a substituição de ativos de mineração é uma análise muito abrangente, envolvendo inclusive questões contábeis como a baixa do ativo, depreciação, imposto de renda, etc.


Mineradoras no Chile e no Brasil tem conseguido operar equipamentos que já passam de mais de 100 mil horas de uso e com um custo e desempenho ainda dentro dos padrões mais atuais.


A decisão de extensão de vida útil ou substituição precisa estar muito bem alinhada com o time de gestão de ativos, principalmente por ser uma questão multidisciplinar, envolvendo questões financeiras, econômicas, manutenção, operação dentre outros.


Várias empresas estão dispostas a investir no conceito de reforma geral do ativo (Vários nomes em uso como "Rebuild", "Revamp", etc.) e extensão de vida útil, reduzindo assim o investimento em novos ativos (Capex) e obtendo novo desempenho do equipamento próximo aos parâmetros de um equipamento novo.


Entretanto, essa não é uma solução que serve para tudo. Conforme informado no início deste texto, cada operação tem suas particularidades que precisam ser analisadas, inclusive a curva de custo ótimo que pode ser diferente em cada operação mineral.


Outros segmentos também desenvolveram sua metodologia de avaliação de ponto ótimo de substituição. As grandes construtoras por exemplo utilizam o ativo e o revendem antes mesmo da primeira grande reforma.


Já os locadores de equipamentos não conseguem depreciar um investimento em equipamento em período tão curto e precisam mantê-los por pelo menos um ciclo de reforma.


Em ambos os casos ainda entra em cena o valor de revenda, pois para equipamentos de construção é um mercado interessante e pode influenciar na decisão de manter ou vender um ativo.


Já no segmento de mineração, a revenda de equipamentos ainda é incipiente, principalmente no mercado brasileiro.




A mensagem final deste pequeno artigo é exatamente essa: Adapte-se ou Falhe! A substituição ou extensão de vida útil de um ativo requer um planejamento econômico e financeiro detalhado e de longo prazo. Entretanto, os cenários de mercado e as constantes mudanças que vivemos atualmente fazem com que os gestores de ativos estejam sempre olhando para as oportunidades que possam surgir.


Indústrias de capital intensivo como mineração, óleo e gás, aeronáutica, etc, requerem que uma análise detalhada de cenários seja sempre realizada em cada decisão.


Mas lembre-se, que a manutenção e operação dos ativos tem um papel fundamental nesse jogo.

Não deixe de ler os demais artigos deste blog, pois eles ajudam a criar um entendimento mais detalhado de algumas fases da gestão de ativos não abordadas nesse sucinto artigo.





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