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Dimensionamento de Frota - Cálculo de Investimento

  • Foto do escritor: Luciano Lima
    Luciano Lima
  • 12 de jan. de 2021
  • 4 min de leitura

Uma etapa de grande importância em estudos de dimensionamento de frotas é a avaliação do investimento.


Esta etapa inclusive será responsável por definir qual a melhor frota do estudo, uma vez que o resultado final sempre será a frota que apresentar o menor custo por tonelada (ou metro cúbico).


Para grandes equipamentos de mineração, o primeiro desafio se refere ao valor de aquisição. Por serem equipamentos importados, na maioria das vezes é necessário o envolvimento do time de suprimentos e equipe de importação. Também é possível obter dados detalhados em contato direto com o fabricante ou "Dealer" do equipamento.


Abaixo vou demonstrar uma simulação básica do valor de investimento em um caminhão fora de estrada.


Normalmente este tipo de equipamento é cotado em moeda estrangeira e sendo entregue na fábrica ou no porto de origem. Neste momento é necessário um conhecimento básico de Incoterms (abaixo vou deixar um link sobre Incoterms), pois normalmente a cotação informa o preço ex-works fábrica ou FOB porto.


Não vou aprofundar muito nesta questão, mas em ambos os caso será necessário acrescentar, fretes, seguros, impostos, taxas, etc. até que todos os custos sejam considerados para o equipamento livre e desimpedido na mineração que estamos estudando. Segue abaixo uma planilha de exemplo:



A planilha acima simula a importação de um equipamento que foi cotado a um valor de US$ 3.500.000,00 FOB Porto EUA.


Dependendo do estágio do estudo de dimensionamento de frotas é necessário entender em maior detalhe os custos envolvidos. Embora seja uma planilha mais antiga, gostaria de abordar alguns pontos de atenção para que o responsável pelo dimensionamento esteja ciente dos desafios de estudos de frotas.


Primeiro Ponto de Atenção: a planilha acima considera a importação sendo feita por conta da mineradora. Além de ser necessário que existam pessoas capacitadas e experientes em comércio exterior, a empresa precisa estar legalmente capacitada para realizar uma importação direta deste porte.

Segundo Ponto de Atenção: Nota-se que este equipamento tem isenção de imposto de importação. Este é um ponto de extrema importância, pois este imposto incide diretamente após o valor com fretes (CIF) e sobre ele incidem todas as demais despesas e impostos. Existem situações em que este imposto é elevado em função a equipamentos similares no mercado nacional, sendo que a equipe especializada de comércio exterior consegue obter isenção do imposto através de ex-tarifário (para explicar isso seria necessário um outro artigo, mas importante conhecer as nuances para viabilização de um estudo detalhado).

Terceiro Ponto de atenção: Impostos e despesas. As legislações de impostos e comércio exterior são modificadas quase que diariamente. A importação de equipamentos está sujeita a uma série de regras e documentações, sendo que a maioria das empresas contrata empresas especializadas em desembaraço aduaneiro. Assim como a complexidade no cálculo e recolhimento de impostos. Um dos principais pontos que dimensionamento de frotas precisa estar atento é para o crédito de ICMS (imposto estadual sobre circulação de mercadorias). Observe que no exemplo acima, se considerarmos a conta de crédito, estaremos desonerando o equipamento em cerca de US$ 860 mil, um valor expressivo que poderá ter um impacto direto na definição da melhor frota.

O caminho mais curto seria obter com o fabricante / "Dealer" o valor do equipamento já entregue na mina, montado e comissionado.


Acredito que para estudos mais conceituais ou até mesmo na fase de FEL1, uma estimativa de investimento em equipamento obtida junto ao fornecedor não representará grande impacto no resultado final. Entretanto nas etapas de detalhamento de engenharia e implantação ou FEL2 e FEL3, com certeza a equipe de maturidade de projeto ou investidores vão requerer um maior detalhamento dos custos, conforme informado acima.


Em um próximo artigo vamos explorar a análise de investimento incluindo também os custos de manutenção e operação dos equipamentos.


Entretanto, antes de passarmos para este próximo tópico, importante que o responsável pelo dimensionamento do equipamento também se oriente sobre a depreciação do equipamento.


Alguns anos atrás havia uma diferença entre a depreciação contábil e a técnica. Atualmente já possível tentar coincidir para que a depreciação seja bem próxima da real.


Este é um ponto de extrema importância, pois já no dimensionamento de frota se inicia a gestão de ativos. Por se tratar de equipamentos com vida útil entre 10 e 30 anos, uma decisão equivocada (em custos por tonelada) representará uma grande dor de cabeça para a equipe de gestão de ativos.


Nos estudos de dimensionamento de frota para mineração normalmente utiliza-se a depreciação em 10 anos, mas existem situações que pode-se reduzir este prazo, como por exemplo a utilização de caminhões rodoviários, cuja vida útil estaria entre 3 e 5 anos.


Por fim, um dos últimos pontos que normalmente permanece esquecido pelo dimensionamento é o valor de revenda do equipamento após o término de sua vida útil. Mesmo que seja uma receita advinda da venda do equipamento como sucata, ela deve ser considerada no estudo.

Vejam a responsabilidade da equipe de dimensionamento de frota. Imaginem que o valor de investimento acima refere-se a um caminhão fora de estrada e que que nosso dimensionamento tenha apontado para uma frota de 10 caminhões. Estamos falando de um investimento da ordem de US$ 48 milhões, ou R$ 260 milhões considerando o câmbio atual.


Este é o principal motivo pelo qual o dimensionamento de frotas precisa ser realizado por uma equipe multidisciplinar, capacitada a analisar as diferentes óticas de operação, planejamento de lavra, manutenção, gestão de ativos, suprimentos, comércio exterior, saúde e segurança, relação com comunidades, meio ambiente, etc.


Somente uma visão holística de todo o processo possibilitará uma decisão centrada em custos de longo prazo e retorno sobre ativo.

Link para Incoterms: http://www.aprendendoaexportar.gov.br/index.php/incoterms/2-uncategorised/835-incoterms-2020-tabela-resumo

 
 
 

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