Breakdown de Custos - Equipamentos
- Luciano Lima
- 6 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
Um dos principais desafios dos gestores de ativos é a análise de custos.
Neste artigo vou abordar os conceitos básicos de "Costs Breakdown" visando ampliar a visão e percepção de custos dos gestores.
O mundo ideal seria conseguirmos visualizar o custo de cada arruela, parafuso, desengraxante, etc. aplicado a cada equipamento. É claro que também vale a regra de Pareto para as análises de custos, ou seja, também devemos focar nos 20% dos itens que são responsáveis por 80% dos custos.
Com a velocidade das decisões de hoje, equipes de planejamento e manutenção enxutas, etc. Os gestores de manutenção se tornaram 100% dependentes dos softwares de gestão da manutenção.
Até aí nenhum problema, a questão principal é como o sistema está sendo alimentado. Como estão sendo abertas as requisições de material, alocação de mão-de-obra, recursos, etc. A abertura e fechamento de requisições e ordens de serviço são cruciais para que o gestor consiga visualizar uma árvore de custos, ou "Cost Breakdown".
Abaixo vou compartilhar um exemplo de análise de custos aplicado a um caminhão fora de estrada.

O gráfico acima mostra que em determinado período, para uma determinada frota de equipamentos, o maior custo dos equipamentos esteve relacionado a falhas / manutenções de motores diesel.

Este segundo gráfico de número de falhas mostra que realmente ocorreram diversas falhas de motor, o que realmente resultou em um maior custo de manutenção dos equipamentos.
Este é um exemplo rápido e não foi realizado com dados reais, apenas para efeitos didáticos de como é importante um "Breakdown" de custos para ajudar os gestores de ativos na tomada de decisão.
Após uma rápida análise dos gráficos, podemos sugerir que boa parte das falhas de motor da frota são causadas pelo sistema de injeção, seja pelo número de falhas de injetores, restrição de filtro de ar ou restrição de filtro diesel.
Apenas analisando o gráfico de custos de manutenção, não seria possível chegar a esta conclusão, pois o custo de uma unidade injetora em relação ao custo da falha de um motor é quase irrisório para equipamentos deste porte.
Entretanto, esta análise detalhada, tanto de número de falhas quanto de custos, somente é possível com o preenchimento correto das ordens de serviço (OS).
Não vou entrar no mérito desta questão que está mais relacionada a inteligência e planejamento da manutenção. Mas de igual maneira é importante que uma estrutura de desmembramento de custos esteja bem montada no CMS (sistema de gestão da manutenção), pois sem ela o importante KPI de gestão de custos de manutenção ficaria vazio.

A figura acima mostra um exemplo de "Breakdown" de custos.
Esta "quebra" de níveis em custos é muito importante para que ações efetivas dos gestores de ativos sejam tomadas.
Embora os custos de manutenção de equipamentos de grande porte sejam extremamente relevantes, uma análise rápida da perda de produção pelo equipamento inoperante mostra a grande relevância de sempre buscar a redução de falhas e aumento da disponibilidade, utilização e consequente rendimento.
Como estamos tratando de um exemplo fictício, podemos realizar um "Brainstorm" (ou toró de parpite em minerês) de possíveis ações para esta falha pontual.
Grande parte das falhas de sistemas de injeção de combustível estão relacionadas a qualidade do diesel utilizado. Esta frase é bastante ampla, assim como a solução. A qualidade do combustível é influenciada por toda a sua cadeia produtiva, desde a refinaria, distribuição, armazenamento e abastecimento.
Equipamentos como sistema de filtragem de alta eficiência no abastecimento, em comboios e até mesmo filtragem "On Board" já estão disponíveis no mercado e com cases de sucesso comprovados e com resultados no custo total de propriedade (TCO).
Entretanto, o intuito deste artigo não foi discutir análise de falhas e possíveis soluções, mas sim alertar os gestores de ativos para a importância da alocação correta de custos e os métodos para análise dos dados. Até porquê podem existir vários fatores que influenciem a falha que utilizamos como exemplo, podendo citar inclusive a má operação do equipamento (ex.: tempo em marcha lenta, rampas íngremes resultando em caminhão operando muito tempo em conversor de torque, etc.).
Embora seja um exemplo aplicado a um equipamento móvel fora de estrada, também é possível aplicar o "Breakdown" de custos nos equipamentos de processamento mineral, siderurgia, etc.

No exemplo acima observamos o "Breakdown" de custos de uma usina de beneficiamento de minério, especificamente na flotação.
Novamente, embora alguns componentes da flotação possam custar alguns milhares (até milhões) de reais, o custo de uma célula ou linha parada é muito maior e precisa ser levado em consideração nas decisões de manutenção.
Também ressaltando que dependendo da produtividade da usina, um acréscimo de recuperação na flotação, mesmo que ínfimo, pode aí sim representar vários milhões de reais.
Talvez num próximo artigo façamos a abordagem da influência das decisões de manutenção de ativos em relação a produtividade / produção global, com ênfase no TCO (Custo Total de Propriedade e operação).
Para este artigo o principal foi chamar a atenção para a necessidade de alocação correta dos custos de manutenção para uso como ferramenta efetiva de gestão de ativos.
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